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Aaron Levine - foto: A Continous Lean |
Atualmente existem dois caras que eu admiro muito na indústria da moda masculina. Um deles é o barbudo ai de cima, Aaron Levine, o diretor criativo da
Club Monaco masculina. A Club Monaco é uma rede Canadense fundada a 25 anos atrás. A dois anos começaram um forte reposicionamento que me deixou realmente impressionado quando entrei em uma loja na Prince St, em Nova Yorque. Foi uma das raras lojas que entrei e gostei de tudo. Eu não consegui tirar fotos lá dentro, e por isso vou pegar algumas emprestadas da internet, do site do
Marcus Troy, no caso é de uma loja na época do Outono/Inverno. Eu fui na Primavera/Verão. Os tecidos eram mais leves, em vez de lã, algodão e linho.
A Club Monaco não é uma grife, é uma loja de shopping, uma rede assim como a Zara, Mango, H&M, JCrew e Hering. O mix de produto é de peças básicas com ajustes interessantes e peças sazionais mais elaboradas. A loja recebe produtos novos diversas vezes ao ano, ao contrário da maioria das lojas que trabalha com poucas temporadas. Por isso ela está sempre vendendo produtos que correspondem a estação atual. Em termos de estilo e de modelagem, ela está anos luz a frente das outras, provavelmente graças a época que o Thom Browne trabalhou lá. O único problema é o preço. Ele não é alto, mas está em um patamar bem estranho no meio do caminho. Porém sempre tem promoções, e ai o preço fica perfeito com -20% de desconto.
Para mim, o sucesso da evolução sob o comando de Levine está no que um antigo colega meu costumava de chamar "equalizador". Ele usava esse termo para exemplificar a formula de sucesso de um atleta, mas acho que ela é perfeita para falar do lado comercial das roupas masculinas. Se você pegar um equalizador e colocar todos os parâmetros em posições extremas, a música vai ficar horrível. Mas se você fizer pequenos ajustes nestes mesmos parâmetros, o som vai ficar maravilhoso. É a mesma coisa com as roupas: você pode brincar e inventar um pouco, mas precisa manter o respeito pelo que os homens gostam de usar.
Os criadores muitas vezes tem dificuldade com o fato da moda ser um negócio. O resultado líquido depende de vender roupas e não de ser excessivamente criativo e tentar re-inventar a roda. Eu gosto de ver novidades, mas ninguém vai andar por ai com um terno do Thom Browne com ombreiras de futebol americano. O sucesso de Levine está em correr riscos bem sutis sem perder a usabilidade das roupas, o que é ótimo para pessoas que querem evitar o sem graça sem ter que apelar para o exibicionismo.
Esse é o equilíbrio da Club Monaco: as peças simples são roupas que o cliente pode sempre contar, as que ele não vai precisar pensar muito na hora de se vestir. Depois de comprar essas, ele pode procurar algumas peças mais fortes para incorporar ao guarda roupa e fazer com que os básicos pareçam mais legais do que realmente são. O cliente comum não quer arriscar e fazer papel de bobo, ele quer peças fáceis de usar, que vistam bem, sejam legais e agradáveis ao toque. Diferente das mulheres, homens não gostam de entrar em uma loja e ver um monte de novidades. Nossa adaptação é muito mais lenta, e por isso gostamos de entrar na loja e poder saber que vamos encontrar um produto que conhecemos.
Eles também vendem produtos de marcas especializadas, entre eles os casacos da Barbour, sapatos da Mark McNairy Amsterdam, botas da Wolverine e gravatas da The Hill-Side. Pessoalmente eu acho uma excelente idéia. Muitas lojas tentam desenvolver uma linha completade produtos e acabam crescendo demais sem fazer nada direito. Eu acho melhor focar em produtos que realmente aproveitam as forças da equipe criativa, e deixar outras coisas para quem já sabe fazer bem. O mundo não precisa de uma nova linha de perfumes, ou de sapatos mal feitos, mas precisa de mais pontos de venda para marcas especializadas que não tem muitos pontos de distribuição.
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