Existem poucas marcas que podem alegar serem realmente históricas e reverenciadas que nem a Saint James. A fábrica original foi construída em 1850 na tranquila cidadezinha litorânia de St. James, no norte da França. A cidade é até hoje a sede da marca homônima. Essa é a história de como a Saint James acabou criando a mais de um século, duas peças náuticas definitivas e transformando a camisa listrada em um símbolo francês. Essas duas peças são a camisa "The Naval" e os suéters "Binic". Ambos artigos de roupa funcionais que foram concebidas para marinheiros e de acordo com as condições que eles enfrentavam no dia a dia. O design simples e sua eficácia a tornaram uma daquelas raras peças clássicas que resistiram ano após ano sem passar por grandes modificações. A Saint James produziu uma peça de roupa discreta e prática, que funcionou tão bem ao longo das décadas quanto quanto funcionava em 1800.
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A revista Men's File visitou a fábrica da Saint James, em operação desde 1850. Aparentemente alguns dos equipamentos são tão velhos que ainda são programados com cartões perfurados.
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Em 1858 o Ato da França decretou que as listras seriam o uniforme oficial da marinha francesa. As listras da França tem sua origem na região do país que era conhecida como Bretanha. Os navegantes locais utilizavam em suas camisas as listras da bandeira, provavelmente para facilitar a sua identificação. Por isso são conhecidas como Breton/Bretã.
O modelo mais popular da Saint James, The Naval II, foi originalmente produzido como o uniforme para a marinha por volta de 1889. O projeto original contava com 21 listras, uma para da vitória da frota de Napoleão contra a armada Britânica. A gola canoa tornava mais fácil a retirada da camisa caso o mariheiro caísse no mar. Hoje a The Naval II ainda se mantém fiel à sua origem, com o design praticamente idêntico, inclusive utilizando os tamanhos padrões militares, de 0 a 8 ao invés de P, M, G.
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Marinheiros franceses |
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Hoje: The Naval II - Na cor azul claro |
Outro clássico da marca é o suéter Binic. Neste caso a necessidade partiu dos pescadores locais. As temperaturas instáveis que eles enfrentavam fizeram surgir a necessidade de roupas que os mantivessem aquecidos mas que não atrapalhassem o seu trabalho. A peça original era comprida, possibilitando que os pescadores as mantivessem presas dentro das calças. Assim como as camisetas da marinha, elas também tinham gola canoa para que eles conseguissem facilmente colocar e tirar de acordo com a temperatura, sem precisar interromper o seu trabalho por muito tempo. Com o tempo a Saint James acrescentou quatro botões do lado esquerdo da gola. Dessa forma o pescoço ficava mais protegido do que o modelo canoa mas continuava podendo ser desvestido rapidamente sem que a gola fosse danificada, e esse o resultado é foi Binic.
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O arquivo da Saint James. O suéter de lã e suas variações |
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Saint James Binic II |
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Os quatro botões do lado esquerdo da gola |
Abaixo algumas fotos que mostram como as listras realmente atravessaram gerações. Transitaram do universo militar para o vestuário dos trabalhadores, e hoje estão presentes no guarda roupa dos homens e mulheres. Em 1920 eram populares entre os membros da "Geração Perdida", talvez os primeiros a removê-las do contexto da classe trabalhadora ou militar. Coco Chanel se inspirou durante uma visita à costa norte da França e introduziu a peça ao guarda roupa feminino. Depois da Segunda Guerra elas ganharam um ar rebelde ao serem adotadas pela geração Beatnik e depois conquistaram os astros de Hollywood. Mais tarde, em 1960, a peça virou uma das queridinhas dos hippies e um símbolo dos artistas da Nouvelle vague. Depois, viraram um símbolo "preppy" dos anos 70 ao ser adotada pelos estudantes das universidades da elite americanas, normalmente membros de clubes de vela. Por fim chegaram ao rock, debaixo das jaquetas de couro de bandas como os Ramones. Hoje em dia aparecem por ai, em fotos e guias genéricos de inspiração "navy".
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Gerald Murphy, da geração perdida, mais ou menos 1920 com o modelo Saint James Naval II |
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Andy Warhol, 195x |
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Katherine Hepburn e Spencer Tracy |
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Paul Newman |
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Pablo Picasso, 1955 |
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James Dean 195x |
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Jean Seberg, 1960 e poucos. |
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Mary Travers (Peter, Paul & Mary) em 1965. Participação Bob Dylan. |
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Joan Baez, no festival Folk de 1968 |
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Foto da primeira admissão feminina na universidade de Princeton em 1969, "preppy". |
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Cinema Francês, 1971 |
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Debbie Harry, imagino que no início da década de 80 ou final de 70 |
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Ramones, década de 80 |
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Kurt Cobain, década de 90 |
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De volta as origens. Mercador Francês. |
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